Todos estão sentindo na pele como está difícil conviver com tanta gente sem educação andando por aí. Pode ser no trânsito, na trabalho, na escola, nas atividades de lazer e até na própria família ! Seu sangue !
Tem muita gente medíocre, malandra, se dando bem às custas da desgraça alheia. Gente comum, como eu e você, políticos, formadores de opinião, até escritores de livros e de novelas. Falando em novelas, você tem assistido a das nove horas na emissora Global ? Tá bom, toda novela tem que ter um vilão, mas você notou a quantidade de vilões que ensinam seus truques sujos diariamente nesta novela em especial ? Tem mais vilão se dando bem do que gente boa ralando prá ganhar a vida. Aliás, quase não se vê esses últimos, os 'otários' na novela. Sim, 'otários', 'babacas', é desse jeito que o personagem Léo trata aos 'moçinhos' que levam uma rasteira sua.
Mas isso sempre foi assim ? Mais ou menos. Esse comportamento vem se manifestando desde lá dos idos de 1940. Foi notado e satirizado fortemente nas tirinhas do cartunista Péricles na figura do 'Amigo da Onça' (malandro, sacana e com cara de boa pinta) que vinham encartadas nas páginas da revistra 'Cruzeiro' em 1943 ( depois virou 'O Cruzeiro' e era uma espécie de Fantástico, só que em papel). O Amigo da Onça representava o estereótipo atual do brasileiro, ou seja, o 'cara' malandro e que quer tirar vantagem de tudo, especialista em colocar os amigos em situações constrangedoras. Virou o famoso 'jeitinho brasileiro'.
Falei 'tirar vantagem de tudo' ? Isso nos leva então ao segundo acontecimento que colaborou no reforçamento desse comportamento do brasileiro - a 'Lei de Gerson'. A respeito disso, prefiro que voce leia o que o colega e blogueiro CLEYTON BRUNO DA CRUZ TIOYAMA escreveu no seu blog, o Quero Pensar, em 18 de outubro de 2010. Transcrevo o seu texto logo abaixo:
" É triste ver como anda a educação do brasileiro. Um dos males que mais aparecem em todo canto e todos tem o desprazer de presenciar é a lei de Gerson. Mais conhecido como o jeitinho brasileiro. Curioso como essa falha na educação, que forma falsos espertos, nos remete aos tempos de crise. Pesquisei sobre a origem dessa “lei” e a história me levou aos tempos da Ditadura. Conversando com algumas pessoas que viveram a época da ditadura fiquei sabendo da origem da lei de Gerson, o jeitinho brasileiro. A lei de Gerson surgiu quando o jogador da seleção brasileira, Gerson de Oliveira Nunes, conhecido como “Canhotinha de Ouro”, fez uma propaganda na televisão para a marca de cigarro Vila Rica, em 1976. Ele dizia que essa marca era boa porque era melhor e mais barata que as outras, finalizando a propaganda com um “Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também.”. O vídeo gerou polêmica e até tentaram consertar, mas era tarde demais… Confira a propaganda:
Quando eu cresci, desculpem-me pela palavra, a merda já estava feita. Nas escolas as crianças pareciam estar com este pensamento no DNA. Todo mundo querendo levar vantagem em tudo, desde o olhar desatento da professora, que dava espaço ao “espertinho” para azucrinar outros alunos, até comer de graça na cantina porque a vendedora estava atendendo muita gente para poder controlar. Para todas as pessoas que me falaram sobre o surgimento da lei de Gerson na ditadura eu fiz duas perguntas: “por que você diz que surgiu na ditadura?” e “Qual seria a solução para este problema?”. A resposta da primeira pergunta foi bem interessante, veio de um colega de trabalho. Ele disse que na época da ditadura existia muita restrição a tudo e o povo tinha que dar um “jeitinho” de resolver seus problemas sem alarmar. O exemplo que ele me deu foi espetacular:
"Existia naquela época um negócio que se chamava toque de recolher. Depois de determinada hora, a gente não podia mais ficar nas ruas, os comércios fechavam, São Paulo parava.Nos finais de semana, postos de gasolina não abriam. Quando alguém passava mal a gente saía batendo nas portas dos vizinhos e pegava um pouco de gasolina de cada um para conseguir levar a pessoa ao hospital.E quando parente morria então? O que acontecia, e aqui nascia o jeitinho brasileiro, é que os vigias que guardavam os postos eram gente como a gente né? Eles estavam lá, com o posto fechado, a gente conversava com ele. Não lembro bem o valor da gasolina na época, mas se era, por exemplo, um real por litro, a gente fechava com ele por um e vinte e ele olhava para um lado, olhava para o outro, mostrava um canto escuro para a gente encostar o carro sem ninguém ver e a gente ia transferindo o combustível em garrafas de um litro, porque ainda não existiam garrafas de dois litros, ou em baldes até encher o tanque. O jeitinho não era algo malicioso, para se dar bem em cima dos outros, era só a necessidade de resolver os problemas, de uma maneira não oficial."
Pois é, o pior, hoje, é que essa molecada toda está incorporando esse jeitinho de modo errado. Fazendo todo tipo de malandragem e dizendo no meio dos amigos “aí galera, sô malaaaandro tá ligado? Esperto pra cachorro!” e se vangloria. Mas essa molecada está esquecendo de um valor do ser humano extremamente gratificante que é a honestidade, a tranquilidade de botar a cabeça no travesseiro à noite e saber que não fez mal a ninguém, ou melhor, que fez o bem a alguém sem pedir nada em troca.
Mas e a solução? Bom, essa resposta foi unânime e está na boca de todos os indignados com esse mal da nossa sociedade de hoje: educação, educação e mais educação. Podemos não resolver de primeira com nossos filhos, mas minha mãe plantou a semente da honestidade em mim, e eu vou plantar em meus filhos, dessa forma acredito que mais umas duas ou três gerações pra frente a gente já ensina essa criançada a gratidão que se sente em ter a honestidade na frente da “esperteza”. "
Bom, depois dessa postagem, você já deve estar percebendo qual será a linha a ser seguida pelo UpSide Down nos nossos próximos encontros. Concordamos em gênero, número e grau com o Cleyton Bruno, autor do texto acima. A solução para todos os problemas do nosso país é: educação, educação e mais educação. O resto sai na urina.
Rapaz, foi um excelente alento ler esta postagem, ao perceber que ainda existe muita gente disposta a dar a "cara a tapas" e dizer não a essa estupidez de querer levar vantagem em tudo. Concordo em gênero, número e grau com o que foi dito no texto. Deprimente observar a que ponto chega a mesquinharia de alguns...
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